domingo, fevereiro 24, 2008

Sabor a asa

Sabem o sabor que me sabe melhor e de que gosto mais?
Mais do que o sabor a cereja, o sabor a morango, o sabor de gelado?
Mais do que o sabor a brinquedo, o sabor a segredo, o sabor a nuvem, o sabor a amor, o sabor

inesperado?
Mais do que o sabor a verde, o sabor a azul, o sabor a sol, o sabor a lar, o sabor a casa?
Sabem?

O sabor a asa...

sábado, fevereiro 23, 2008

Falta de cor

As minhas palavras foram à procura de um desenho novo para mudarem de casa.
Não havia.
Em desespero, as minhas palavras bateram a todas as portas para sair.
Cadeado.
As minhas palavras quase asfixiaram com falta de cor.

Fui eu.
Fui eu quem esqueceu a chave num canto qualquer sem acreditar
que as minhas palavras, mesmo sem música, mesmo sem vento,

mesmo sem pinturas
conseguem bailar.

domingo, fevereiro 17, 2008

Eu sou aquela

Eu sou aquela
(conseguem ver?)
aquela de verde
a pintar futuros
tudo menos escuros
aquela amarela
mais longe do chão
mais perto de estrela
aquela algures
entre rosa e lilás
que vai atrás de ti
está onde tu estás
aquela laranja
cheia de sabor
que se deixa ficar
apenas distraída
a saborear
aquela vermelha
que luta e insiste
sopra vento forte
agarra-se bem
nunca desiste
aquela azul
parada a sonhar
com asas maiores
que a levem p'lo ar

Eu sou aquela...
(conseguem ver?)


Eu sou todas?
Não pode ser...


Fome

Primeiro linhas, sinais, letras, palavras
fome imensa
intensa
um copo de água
esperar que se misturem, dissolvam, dancem
o tempo certo
e depois
o papel deixa de ser deserto
regressam esquecidas
desconhecidas de mãos dadas
amigas separadas.

Olhando para elas assim brincando
saltando à corda
sem nós
dou-lhes o nome poema
dou-lhes o nome que me apetecer dar
(parecem não se importar).

www.vladstudio.com

sábado, fevereiro 09, 2008

Não pode ser tudo

Fui-me chegando a ti quase sem querer
mas era magia e a magia faz-nos fazer as coisas que não queremos fazer
não era o tempo, não havia tempo, não era o destino, não era a hora
e tu chamando em tons suaves, o orvalho pedindo: tem de ser agora
e fui-me chegando, convite aceite, também convidando esse teu olhar
descobrindo-te ondas, branco a imaginar-se um azul de mar
e eu quase a entrar tão perto da alma procurando perfume, procurando calma
já toda enredada em poesia e prosa para descobrir o que já sabia
que a cor prometia, mas que não trazia o perfume da rosa.
Parti sem tristeza, que a beleza é assim,
não pode ser tudo, nunca é completa, nunca é inteira
tu sem aroma, toque su_ave, convidando à paz
rosa inebriando mas ferindo as mãos de quem a leva
de quem a segura
de quem a deseja
de quem a traz



Azalea - foto close-up trabalhada (by me)
com efeito crayon em Corel PHOTO-PAINT X3