sábado, janeiro 03, 2015

as cores do branco


Tantos mistérios no mundo
coisas que eu nem sabia
que o branco guarda segredos
que a luz tem uma magia.

Se a luz esconde surpresas
precisamos perguntar
vamos correr atrás dela
até ela nos explicar.

refrão:

Diz-me lá, oh luz branquinha
tão cheiinha de sabores
como é que com água e sol
pintas no céu tantas cores?

(letra para canção, integrada num projeto de ciência para um jardim de infância)



quarta-feira, dezembro 31, 2014

só nós

tricotamos cosemos pintamos recortamos
colamos pedacinhos de ano novo logo a ficar velho
com a nossa mão
às vezes deixamos outros ajudarem às vezes não
juntamos coisas novas reciclamos
temos surpresas e saudades
escuros cinzentos claridades
coragens céus rios mares medos
uns quantos gritos uns quantos segredos
no ano seguinte desejamos melhor
dançando a mesma melodia
quantas vezes sem perceber
sempre só nós a cantar
a navegar
e a tecer


terça-feira, dezembro 16, 2014

azuis


se eu quisesse falar da cor dos meus olhos diria que os meus olhos são só azuis
não me importa sequer a cor que me dizem ver nos meus os olhos que os olham
se eu quisesse falar das palavras escritas nos meus olhos diria que são de água
que recitam silenciosamente algo indefinível entre alegria líquida e sólida mágoa
que são apenas como lhes apetece primavera outono dúvida anseio interrogação
que cheiram a saudade de tudo são teias de aves e sal espuma passeando no mar
se eu quisesse falar da cor dos meus olhos diria que são azuis sempre foram azuis
porque castanho é só o que tem de ser e real é só aquilo em que escolho acreditar


terça-feira, junho 24, 2014

doença...

vício de contemplar
febre alta de asas
mania de janela
doença crónica
sem remédio
sem tédio
confesso
sofro
dela



Ilustração: Manon Gauthier

segunda-feira, junho 23, 2014

e se...?

e se ela mudasse de repente o seu nome
cansada do nome que sempre tinha
e resolvesse só ouvir e responder
quando lhe chamassem joana
ou
ainda melhor
joaninha?



Ilustração: Manon Gauthier

domingo, junho 22, 2014

quase...

verão quase quase
tanta coisa quase
mas ainda nada
nenhum
quase é a distância mais pequena e infinita que há
entre aqui e ali
entre cá e lá
unidade de medida incerta com o tamanho exato de cada um

 Ilustração: Manon Gauthier


quinta-feira, maio 29, 2014

meu coração

deixo o meu coração em todo o lado
não porque me esqueça dele
não porque seja distraída
não porque me escape
não porque o perca
é só o meu fado



Evelina Oliveira

azul

a minha pele é azul a minha casa os meus dedos a tinta
a saudade é azul sem lua noite lisa limpa silêncio de ti
o poema é azul escuro claro líquido linha apagada
é azul a lágrima a chuva memória quebrada
viagem azul rio infinito que não prometi


sábado, maio 24, 2014

tu e eu

era muitas vezes
tu e eu
eu e tu
azul feliz e quente
lua sol
es_correndo
o nosso rio
depois tu partes
sem aviso
porque
tem de ser
nem assim
sem te ver
o desenho luz
na memória
se apaga
fica vazio



ilustração de Simona Traina


Só às vezes...

só às vezes
frágil asa impossível mar difícil céu
os fios os pregos a gravidade
(eu?)



Evelina Oliveira
 

Se me prenderem?

se me deixarem...

ir


se me prenderem?


part_ir!




Evelina Oliveira

sexta-feira, maio 16, 2014

saber...

saber escutar
borboletas a voar
e outros silêncios
a saudade
saber ler na lua estrelas
à noite a luz do sol
melodia
melro rouxinol cotovia
saber de cor sem certeza
o quase invisível amor
de sal de espuma de mar
e quando não for possível saber
simplesmente
perguntar?


ilustração de Simona Traina

quarta-feira, março 19, 2014

queria...

raízes com asas
pés de céu
âncoras leves
menos gravidade
espaço inteiro
para navegar
chão e ar eu queria
como queria
essa quase
impossível
magia

terça-feira, fevereiro 11, 2014

e agora?

e agora?
com pressa regressar
até onde todas as coisas
são ainda rosa violeta azul
e devagar demoram
leves brinquedos
irrequietos
na memória
a um tempo
história
que às vezes digo
palavra saudade
sem acreditar
foi embora





and now?
in a rush
going back there
to a time
where all things still are
rose violet blue
and slowly take their time
light no weight toys
restless fidgety
in our memory
going back
to a time
a story
I sometimes say
went away
not believing
(and silently missing)

terça-feira, janeiro 21, 2014

sim?

invejo todas as borboletas
que existem fora de mim
qualquer asa cor de céu
até semente voando
e vivo acreditando
contrário de chão
não me digas não
fada e ave
sou eu
assim
noite
dia

sim?

 Judith Clay - You can fly, Mary!




I envy all the butterflies
that exist outside me
any sky’s colored wings
even seed flying
I envy all
so
I live my life
believing
opposite of floor
don’t say no to me
don’t you say it cannot be
I am a fairy and a bird
day and night

allright?



(trying to translate... so my not portuguese friends can also enjoy the words...)