Façamos de conta que
é noite
a minha teia e a tua
opostas
distantes...
Imaginemos um monte entre elas
e sobre ele cogumelos verdes
enormes
acesos
como lua
como dantes
a fazer de rua entre ti e mim
fios invisíveis
assim, setas no chão
para cá e para lá
soltos e, também,
subtilmente
presos.
Sorrirás. Dirás que imagino.
Que não há cogumelos verdes
velas
maiores do que nós.
Mas eu sei que sim
porque os vi
no exacto segundo em que apagaste a luz
varreste as migalhas
do caminho
e a noite enrouqueceu
lentamente
até perder a voz.
sábado, outubro 31, 2009
Cogumelos verdes
sexta-feira, outubro 23, 2009
Cores do mel
No meu jardim de segredos
onde há fadas que são flores
nascem as cores do mel
rebuçados sem papel
beijos soprados ao vento
que gosto de dividir
que gosto de te oferecer
sempre que a solidão teima
sempre que o sal te queima
te escurece, te afoga
te rouba e te subtrai
te leva
te faz perder
a vontade de sorrir.
sexta-feira, outubro 16, 2009
O olhar engana...
Ama-me assim mesmo
gata preta grande
vadia, sozinha
pêlo desgrenhado
que pica na mão
bruxa feia e escura
feiticeira louca
noite sem dia
aranha malvada
morcega vampira
na boca só não
rabugenta e má
sem sinal de mel
toda desgrenhada
é o que se vê
é o que tens
parece até
que é o que há...
Ama-me assim mesmo
que tu sabes bem
o olhar engana
cá dentro do breu
sou astro de seda
luz clara, macia
bela, elegante
perfeita ou quase
para um gato só
desses que vagueia
pela Lua cheia
que vê a princesa
que sabe da fada
que sabe da luz
que sabe o sorriso
que sabe o segredo
escondido no peito
da bruxa, da gata
louca feiticeira
morcega, vampira
da aranha e da teia.
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