Gosto da ausência de ti
na refeição da vida
da sede
da fome
que o tempo acrescenta
depois da partida.
Ter-te ausente
é dar-te a mão com outro eu
que sabe navegar
invisível mar
sem precisar de caravela
entre planeta e estrela.
Amargo seria
não existires,
nem longe, nem distante
e nem por um instante
arrumar as letras saudade
nesse fio, colar de contas
espécie de rio
e pô-lo ao peito.
Solidão é só
não ter sonhos
com cheiro a canela
açúcar queimado
para polvilhar o caminho
arroz-doce
leite-creme
prato cheio
azul
infinito
do céu de cada dia.
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